quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Um dia de feira

Hoje foi dia de romaria. Os garrafoes de vinho circularam nas ruas e os gritos excitados dispararam de gargantas nuas. Caras enrubecidas, barrigas arredondadas, vozes embriagadas. O festim começou cedo, antes mesmo de ter começado. Ainda nao era o proprio dia e já ele tinha começado... mas foi começando cada vez mais ate deixar de começar e passar a ser. As camadas de curiosos foram-se sobrepondo sobre as bizarrias fracassadas. As bocanhas ocupam-se de alimentos sacrificados, de gemidos interesseiros. São corpos amontoados que se mexem entre si. São gritos desesperados que chamam pelos incógnitos. O grupo segue a voz do pastor...
A ignorância do olhar, a ignorância no olhar. O mundo acontece na merendeira comprada, no pão com torresmos debicado, na mercadoria regateada. Os rituais estão estabelecidos, a cerimónia vai rastejando. As crianças não estão alegres, vão observando as mercadorias.
Como uma cobra larga sua pele, os incognitos abandonam o festim. A imundicie torna-se manifesta.

1 comentário:

Anónimo disse...

Foda-se..._"Ó mãe eu quero é roupa de marca sem ser roubada ou contrafeita...", _"Mas é a 5€ o Kilograma!!!"
Ciganos do caralho!