segunda-feira, 28 de junho de 2010

Irredutível

Há um pequeno castelo no mundo que eu criei, que se vai defendendo, como uma aldeia de irredutíveis gauleses, contra todo o meu ódio. É nesse castelo onde estão todas as coisas que eu amo, adoro, respeito, contemplo. É a minha paixão que luta nas suas muralhas contra a raiva, o desespero e a malvadez. O problema é que não sei onde fica o dito castelo.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Amputações

O problema de um buraco negro não é, para mim, a sucção de coisas lá para dentro, ou lá para fora, ninguém sabe muito bem... Não é que uma estrela seja integralmente engolida pelo buraco. Eu não me importava em viver no inferno se soubesse que lá seria íntegro e inteiro. O problema é quando um buraco negro suga partes de coisas inteiras e transforma-as em coisas incompletas, inacabadas. É esse o verdadeiro buraco negro: aquele que corta o todo em partes e o divide. Não quer o todo para nada, quer uma parte dele para que deixe de ser todo e passe a ser o que o buraco justamente roubou: uma parte..

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Por mares nunca antes navegados

...tem que haver uma forma de não nos levarmos a sério sem ter que lidar em momento algum com uma frustração enorme por isso. Gostava de ser imune àquilo que eu acho que me prejudica, as provocações, gostava de não andar a deriva quando procuro os meus próprios erros. Se soubesse quais eram seria mais facil nao me levar a sério no resto que me toca. O problema é que 'quando não sabemos para onde caminhamos, não sabemos quando lá chegamos' e é esse o problema: viver num circuito fechado, apoiado numa carapaça que mantém a comunicação possível e temendo o grande mar interior onde seríamos rapidamente engolidos sem um mapa, uma rota, uma orientação. Alguns regem-se pelos astros mas onde querem eles chegar?