sábado, 18 de dezembro de 2010

Lembranças de Natal

Hollywood nunca se lembrou de publicar um filme com um pai natal assassino. E Hollywood ja se lembrou de coisas bem estranhas...

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Constelações Viscerais

Escrevo-me a mim mesmo e penso: sinto-me desconfortável e só olhando para trás, retrospectivamente, consigo compreender o sentimento. O nome dele é agora mais claro, nomeável, tem filiação: é solidão. Solidão de ter passado um dia e ter estado sempre longe da alegria, da proximidade e do conforto. E assim ficamos empedernidos à noite, à volta do coração e este debatendo-se contra as pesadas grilhetas que não o deixam voar. Na verdade elas quase o afogam no ácido estomacal...
Mas não há nada como as saudades. As saudades são um mal que não dura e um bem que nunca acaba, por isso amanhã lá estarão a alegria, a proximidade e o conforto para me fazerem sentir a sua falta...

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O aspecto interior do Sacrifício segundo Agostinho.

Muitos fazem valer o sacrifício como uma despesa futuramente reembolsável, quer no momento em que ainda estão vigentes as circunstâncias do acto, quer quando o barómetro se inverter e o crime passar a virtude. Subjacente fica apenas uma manhosa audácia e uma expectativa sobre o prazo a cumprir. E, contudo, observam esse momento da vida como se fossem espectadores de si mesmo.

O homem que está mais perto da perfeição espiritual tem uma atitude diferente perante o sacrifício, encontrando nele uma satisfação egoísta e limitada. A renúncia é comodidade e segurança, o vaguear na incerteza e restrição é, para aquele que serve o espírito, a certeza de que a sua posição adversa é aristocrática e isolada como é necessário, isto se servir apenas para continuar fiel às bases em que assenta o pensamento e fundamenta a sua vida.

Quando o dever não é imposto de fora mas sim uma aspiração maior que o mundo racional possa possuir, o seu cumprimento não pode ser visto como um sacrifício que exija recompensa. O cumprimento do dever deve antes ser como uma oportunidade de experimentar as forças e subir um degrau na escalada para o sêr, cuja sensação deve provocar na relação com os outros uma experiência de sincera e sólida gratidão pelas circunstâncias que o permitiram. Revelar-se-ia, em ultima análise um gosto diabólico e pessoal em se sentir mais forte e perfeito.

Há que chamar a atenção para outro aspecto desta fidelidade do indivíduo a si próprio, o do domínio do impulso dos sentimentos pela razão. Este esforço nunca é inútil ou demasiado; é como o remador que leva o mundo para Deus onde nenhum movimento é inútil. Da mesma forma, naquele que bem pensa, qualquer acto da vida é para a salvação da humanidade, esses que ousam estoirar os músculos ao serviço do bem comum. A inteligência que em si compreende amor, beleza e justiça, consagra ao fim último dos homens a sua vida inteira, num único momento ou em anos e vê-se mais como objecto do que como sujeito.

A tal missão nunca se chamaria sacrifício, com suas pinceladas de resignação e tristeza. Esses que vêm mais alto desejam então repartir-se por toda a humanidade, arder nas chamas dos peitos que se elevam para o céu e congregá-las na forja que transformará o céu.

domingo, 12 de setembro de 2010

Meta-Utopia

Oh oh oh! As férias já chegaram e já lá vão nos idos dias de Agosto. Agora é importante a clivagem racional do tempo em vez da ânsia de parar o fluir das coisas. Contudo, o mar continua fluído e o sol continua brilhante e os desejos oníricos de desafio à realidade misturam-se com as exigências do presente e formam a angústia do passar do tempo. Porquê fazer cumprir Abril quando se deveria fazer cumprir Agosto?? Será porque a Primavera é mais importante que o Verão? Ou será porque a melhor revolução é aquela que é presente e não a que é passada? O problema até talvez seja um pouco mais complicado porque, para mim, os desejos de Agosto foram os de revoluções futuras e sempre tentam "aplicar" a ideia que isto não anda bom para revoluções nos dias de hoje...

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Irredutível

Há um pequeno castelo no mundo que eu criei, que se vai defendendo, como uma aldeia de irredutíveis gauleses, contra todo o meu ódio. É nesse castelo onde estão todas as coisas que eu amo, adoro, respeito, contemplo. É a minha paixão que luta nas suas muralhas contra a raiva, o desespero e a malvadez. O problema é que não sei onde fica o dito castelo.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Amputações

O problema de um buraco negro não é, para mim, a sucção de coisas lá para dentro, ou lá para fora, ninguém sabe muito bem... Não é que uma estrela seja integralmente engolida pelo buraco. Eu não me importava em viver no inferno se soubesse que lá seria íntegro e inteiro. O problema é quando um buraco negro suga partes de coisas inteiras e transforma-as em coisas incompletas, inacabadas. É esse o verdadeiro buraco negro: aquele que corta o todo em partes e o divide. Não quer o todo para nada, quer uma parte dele para que deixe de ser todo e passe a ser o que o buraco justamente roubou: uma parte..

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Por mares nunca antes navegados

...tem que haver uma forma de não nos levarmos a sério sem ter que lidar em momento algum com uma frustração enorme por isso. Gostava de ser imune àquilo que eu acho que me prejudica, as provocações, gostava de não andar a deriva quando procuro os meus próprios erros. Se soubesse quais eram seria mais facil nao me levar a sério no resto que me toca. O problema é que 'quando não sabemos para onde caminhamos, não sabemos quando lá chegamos' e é esse o problema: viver num circuito fechado, apoiado numa carapaça que mantém a comunicação possível e temendo o grande mar interior onde seríamos rapidamente engolidos sem um mapa, uma rota, uma orientação. Alguns regem-se pelos astros mas onde querem eles chegar?

segunda-feira, 31 de maio de 2010

The SMOg

Iah.
Continuam as dores internas de quem não sabe nada sobre tudo aquilo por que vale a pena viver. Não tem nome, não tem rosto nem paradeiro. Nem sequer página no facebook ou sítio na internet. Continuar a navegar na hipótese de que talvez não tenha identidade: Só assim é suportável o facto de que tem uma identidade diferente da minha.

domingo, 30 de maio de 2010

I'm fuckin back!!


Estou de volta caros amigos e amigas!

Os ciberácaros bem tentaram mandar comer-me os pensamentos, mas morreram envenenados! O meu dique rebentou e as torrentes vão tomar conta do que é seu por direito: todas as partes côncavas que elas encontrarem serão afogadas pelo seu poder. Como se estas letras precisassem de ser encaixadas num puzzle infinito, com peças que ultrapassam o seu tudo.

O todo é maior que as partes? Então porque o homem se comporta como se as partes fossem maior que o todo?

quinta-feira, 25 de março de 2010

Temáticas gástricas

A pior prisão é aquela em que nós próprios nos encerrámos. A pior prisão é a dos que estão enganados pela própria mente. A prisão do cheiro a merda quando só vemos rosas à nossa frente, ou do cheiro a lotus imaculado que nos sorri nos lábios e no nariz quando a merda grassa à volta. A pior prisão é a da ignorância, dizerem-nos que vivemos num mundo livre quando na verdade é um mundo dividido por estradas e bombas de gasolina e supermercados. "Olha, és livre: podes fazer o que tu quiseres nesta cela com este penico e este colchão." Esta democracia é feita de boletins de voto. É efémera como peidos.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Du Sollst Nicht Merken

"O pai tem todo o direito de ver o mundo à sua maneira, mas o filho só não vai levá-lo a mal se assumir para si o mesmo direito (que raramente lhe é dado pelo pai), ou seja, o direito de ver seu mundo com seus próprios olhos e não se deixar abalar por nenhuma sanção." - Alice Miller.-

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Epilepsias I

Tenho pena de não vos presentear com mais fotografias, mais cor, mais vida... Talvez assim vocês fossem mais... Com tanto texto, tanta palavra, tenho-vos dado uma dieta medieval de batata com batata e nem um pouco de toucinho. E era assim que eles viviam!