quarta-feira, 4 de novembro de 2009

desmontar afectos

Que cansaço, que desassossego, que aflição tão profunda! Preciso de descanso disciplinado e íntegro. Domingo foi uma noite lúgubre e as repercussões ainda se sentem. Sou uma pessoa sinistra nestes dias. Pouca luz eu vejo, poucas vezes a luz me vê a mim. E sinto um vago desconhecimento de um mundo cada vez mais vasto, porquanto cada vez mais desconhecido. Cada pessoa é um mundo que eu não conheci, pior do que isso, que se fechou. Quando o maravilhoso paraíso dos que amamos se fecha todos os outros são desconhecidos... São rostos sem traços, indefinidos, como é o nosso conhecimento. Quando esse maravilhoso paraíso dos que amamos se nos abre todos os outros são um livro aberto que lemos enquanto eles viram as páginas que permitem que nós leiamos.
Tantos paraísos que estão fechados, tantos que estão por florescer...há tantos que estão perdidos por aí, sem um jardineiro que cuide deles. Há flores que não desabrocham e paraísos há que ninguém conhece. Ninguém conheceu. Não são precisas palmeiras, cascatas, catatuas ou praias de areia cristalina e mar de fino azul: nalgumas partes da terra chega uma palavra doce, um gesto com destino bem traçado, um contacto desejado.
Podemos ser frugais até a desejar o paraíso...

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