terça-feira, 6 de outubro de 2015

Temístio

Admirar o homem que contraria todo o tipo de opressões porque, só assim, a sua vida estará de acordo com o espírito do mundo. 
Tal compromisso motivá-lo-á a arriscar a sua tranquilidade e a própria vida sob o lema da liberdade do espírito, que na sua forma mais perfeita se confunde com a justiça suprema. 
A existência é o caminho para que possa fazer brilhar onde antes havia escuridão, percorrendo-a sem ceder a ameaças ou obstáculos. 

Temístio está num nível superior. Alcançou a beatitude e a serenidade dos eleitos, já não o movem os interesses pessoais, as paixões orbitam mas o centro do ser é calmo.
 Perante as pedras que o atingem, os seus lábios sorriem...palavras e gestos despertam razões. 
Não sente as tiranias sobre a terra e não se queixa da violência dos outros, pois despojou-se da própria fraqueza e procede como um homem livre. 
Se tremeu, não acusou quem vinha de fora, fundou ainda mais os seus alicerces. 
Então porque se bate Temístio? Porquê, se ultrapassou a dicotomia opressão/ liberdade?

Luta pelos que não chegaram á sua libertação, que se sentem formatados, esmagados e se sentem levados a trocar o que é humano pelo que é bruto e escuro.
 Defende-os do abuso e do terror.
 O tirano, a alma mais escrava de todas, será atacado no seu interesse. 
O meio será o da persuasão e falinhas mansas. 
No fim todos serão objectos de amor, e do interesse obstinado de Temístio em elevar a natureza humana, despegando-se da Terra, contemplando o céu...

terça-feira, 14 de julho de 2015

369 dias depois

369 dias depois aqui me têm outra vez. Está aí alguém?

O último post falava sobre futebol, Mundial do Brasil, FIFA, Copa América, Seleção Portuguesa, entre outros. 

Pois bem, ganhou a Alemanha, campeões do mundo da corrupção e da perfídia. Neste particular a prestação portuguesa tem somado vitórias. 

O Jorge Jesus mudou de rua. O Iker Casillas mudou de país. O Maxi também. Deve ir para Portugal de Cima. Muitos gregos devem estar a mudar de partido. 
O Syriza chegou ao poder na Grécia, a reboque do descontentamento da população pelas medidas políticas dos últimos anos: austeridade sem fim à vista. 
Como alguém dizia: "A luz ao fundo do túnel não é a rua onde esperamos respirar desafogadamente mas sim o comboio que nos vai esmagar." Pois bem, o Syriza chegou ao poder por via do desejo dos gregos em ver as suas vidas mudar. Tentou mudar as vidas dos gregos e acabou mudado em si mesmo: um dos elementos mais carismáticos saiu e acabaram por ceder à austeridade.
A Austeridade. Não sei se os tempos não exigem que se comece a designar esse palavrão com letra grande. Portanto, Portugueses,já sabem: aquilo que o nosso primeiro ministro nos vai dizer é que se não votarem no partido dele (ou no PS) teremos grandes problemas. Se votarmos nele (ou no PS) os nossos grandes problemas irão-se manter. Uma arma apontada à cabeça. E os problemas até nem serão com ele ou com o Marco António Costa. Serão com gente bem maior que o Marques Mendes. 
Não sei se um psicólogo chamado Milgram poderia explicar este estado de coisas mas  eu tentarei. Penso que foi ele que colocou uma questão: como podiam os soldados alemães na II Grande Guerra executar tantos judeus e não se revoltarem com o facto? Medo de represálias. Como lidavam internamente com essa situação? Estavam apenas a cumprir ordens. 
Penso que seja essa a situação actual. Pedro Passos Coelho, Mariano Rajoy, Hollande, Cameron, estão apenas a cumprir ordens, independentemente do sofrimento dos seus conterrâneos. As ordens vêm de Berlim com o objectivo de colonizar a Europa. Primeiro, pela iniciativa privada. Como sempre foi método germânico a aplicar nos pedaços de África atribuída, ou na II guerra. Depois politicamente. Estamos no culminar da 1ª etapa, na preparação da 2ª etapa. Os países periféricos foram os primeiros, estrategicamente. Entalaram o resto da Europa com veleidades revolucionárias. Estamos pobres e susceptíveis.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Dissertação mundialista

       Só faltam dois jogos para acabar o Mundial'14. Só faltam uns dias para umas merecidas férias. Entre os que respiraram o futebol deste Mundial e os que culpabilizaram os primeiros pelas diferenças sociais no país e pela distração provocada pelo certame quando há coisas graves a acontecer no Médio Oriente, no Iraque, na Ucrânia, na Europa, no Espirito Santo, etc., eu...não quero saber! 

Todos sabem que a Fifa é um ninho de cobras. Já havia coisas graves a acontecer em 2010 na África do Sul. Lá por isso não quer dizer que não se goste de ver futebol. O mundo está podre e com ele o Mundial e o futebol. Mas á austeridade que já reina as nossas vidas não é preciso somar a austeridade de conceber o futebol como um prazer culposo (culpável, culpabilizante, bah). A imoralidade existe, está aí para ficar. Mas não está na minha televisão nem no meu sofá. Está nos fundos de investimento, no gabinete do Blatter e do Platini, está nas empreiteiras apoiadas pela Fifa, está na lavagem de dinheiro, etc. mas não no espectador. Ele já gostava de futebol antes desses negócios aparecerem. Porque é afecto. E é esse que é o motor da moralidade. 

Futebolisticamente: posso comprar uma t-shirt dizendo: "Eu vi o Brasil levar 7-1 da Alemanha." Foi histórico. Daqui a 100 anos ainda se vai falar disto, como uma memória distante, mas nunca apagada. Ninguém pode dizer que estava á espera disto! A dada altura foi tétrico e mórbido. Mas posso orgulhar-me de prever o sucesso Argentino. Todos disseram: "ah não jogam nada!"  Pois não. Mas têm Messi, Di Maria e Mascherano, secundados por uma equipa com uma ideia de jogo concreta. Apesar de ser pobre, é alguma coisa. O Brasil tinha grandes propósitos mas tudo muito no ar. Curiosamente ou talvez não era no ar que a bola passava a maior parte do tempo. 

O insucesso brasileiro tem um grande paralelo com o insucesso português. Falta de ponta de lança? Check. Humilhação com a Alemanha? Check. Selecionador teimoso? Check. Problemas estruturais, Federação obsoleta e empresários acima do interesse desportivo? Check! Ah, Estádios sobredimensionados para a capacidade das equipas que lá vão jogar? CHECK!

Interessante ver que o tempo de Portugal enquanto campeões morais da formação, das gerações de ouro acabou. Esse título é das francófonas Suiça e Bélgica. A Colômbia é potencial candidata á Copa América. Provavelmente, França ou Holanda disputarão o Euro'16 com a Alemanha. A Mannschaft vai arrebanhar tudo durante uns anos. Mas insisto neste ponto: o nosso insucesso não pode ser comparado com o da Espanha (continua a ter um futebol infinitamente mais produtivo), mas sim com o brasileiro. 

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Lembrete

Não te esqueças nunca da criança dentro de ti. Nem te esqueças de onde a escondes. Perdes as chaves de ti próprio...

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Primavera dos sentidos

O céu está nublado e os pássaros piam porque se trata da primavera,
é o que se vê desta janela, é o que se ouve nestes ouvidos.
Desta janela também se ouve e os ouvidos também vêm.
Vêm a primavera e vêm quando nos tentam foder,
com palavrinhas mansas e chilreios de rapina. A primavera
é tempo de sedução mas também de predação.

Por isso vê
os passaros piam.
Ouve
o céu está nublado.
tem cuidado.

Apazigua-te, escuta e olha! (como dizia o Emílio),
mas cheira, porque se trata da primavera! e prova e sente!
Com o corpo todo, porque quando nos tentam foder,
não é de corpo inteiro. É só uma foto tipo passe, sem reverso
e sem medalha.

Fode alguém
com o corpo inteiro
com reverso,
com mil reversos,
porque se trata da primavera. Da primavera da vida.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Ataque Infantil

Como pode a Intervenção Precoce ser algo mais do que uma triagem dos melhores perus para o matadouro que são as Consultas de Desenvolvimento, ao serviço das farmacêuticas e dos teóricos da Eugenia?

Como pode a Intervenção Precoce ajudar as crianças, desviá-las da Inquisição Precoce que é o Ensino Especial? Como poderá colocar as famílias numa trajectória desenvolutiva sanígena, em vez de os votar à fogueira social?

Basta de Risperdal, Rubifen ou Adderal! Basta da histeria dos maus comportamentos, da fobia das adopções, dos diagnósticos das palavras caras, das perseguições aos maus genes, da caça aos desfavorecidos. Chega de soluções milagrosas, rápidas e assassinas! Cultive-se a paciência, o afecto, a calma, o relativismo, respeito e amor!

Não há estratégia a aplicar (seja pedagógica, seja terapêutica) que não exija paciência! Não há criança que aprenda sem sentir afecto por quem ensina assim como não há quem ensine sem sentir afecto por quem aprende. Sem afecto não há troca a efectuar, apenas informação a voar e muitas moscas no ar. 

Tenham calma pessoas!! 

Não empurrem as crianças para os molhos de competências, deixem que elas absorvam o que há de bom no seu meio. Roma e Pavia não se fizeram num dia! Deixemos a criança desfrutar do seu desenvolvimento. 

E quanto ao relativismo, deviam deixar de haver "famílias monoparentais" na educação! O professor não pode ser (como não é) o dono e senhor de todo o saber. Neste sentido, tem que haver uma família, um pai, uma mãe, tios ou irmãos mais velhos que conduzam o saber com mais afecto. 

Sem respeito pela criança violam-se os seus direitos, pois ainda têm direito à empatia!